quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

DESPERTA A DOR

Despertador toca.
Abre os olhos, inconsciente, vê o teto na penumbra.
Milhões de pensamentos se misturam num instante.
Fecha os olhos ainda cansados, sonolentos.

Abre-os novamente. Consciente.
Olha para o teto na penumbra.
Fecha os olhos mais uma vez, ainda cansados, sonolentos.

Senta.
Assim não volta a dormir num lapso de inconsciência.
Boceja.
Estica o corpo.
Relaxa.
Levanta.

Caminha em direção à fresta de luz que foge da porta empenada do banheiro.
Abre a porta.
Muita luz transborda do ambiente e fere seus olhos tristes e inchados.
Tapa os olhos com as mãos sonolentas.

Caminha para o ambiente exposto, transbordante.
Abre os olhos aos poucos.
Se olha no espelho, refletida, branca, inchada, feia.

Está feia.
Está branca feito leite.
Está inchada.

“O que acontece com meu rosto quando acordo?
Acho que fica feio a se vingar pelo despertar indesejado.
Acho que se queixa por ter que levantar.
Acho que não quer cumprir com suas obrigações de estudante,
de ter que acordar cedo, todo o sempre,
pra pegar um ônibus lotado e assistir aulas monótonas.

Acho que não quer ser gente grande.
Se pudesse, escolheria ser pequena de novo,
Brincar de marionete, fantoche.

Mas não pode.
Só pode se queixar inchando por ter que acordar cedo todo dia.
Sempre.”

E se banha e perfuma,
Seca e arruma.
Toma o café que prepararam para ajudar a despertar mais esperta.

Veste a coragem e sai por aí sozinha.
Feito gaivota na paisagem.
Todo dia quando desperta,


desperta a dor.