quinta-feira, 3 de junho de 2010


falta tudo
faltam todos

falto
em tudo
em todos

nada
pode
ajudar
em
nada

nada
pode
mudar
nada

nada
vai

nada
vem

e
é
tudo
sempre
igual

sempre

igual

sempre

igual

sexta-feira, 5 de março de 2010


Minha aventura na busca pelo impalpável é sentir a vida correndo pelas veias.

Num pequeno instante tenho a sensação de paz e conforto e fé, e o questionamento que fica: “por que não antes? qual meu sentido, meu passo, meu horizonte? que leis, que deveres, quê?”.

Vontade que atrai o desconhecido, que nunca se deixa abafar por comodismos. Uma brisa que vem de longe chamando meu nome, pedindo que eu vá e procure o meu espaço, a minha melhor personagem.

Força, sonho, amor, saudade.
Levo-os todos comigo.
Não deixo nada
além do
“até...”


"A sensação de que existia um vasto mundo não me saía da cabeça e o desejo de ir vê-lo me levava em direção a outros horizontes" - Pierre Verger

domingo, 3 de janeiro de 2010

Há no sul da Alemanha uma cidade de médio porte chamada Heidenheim an der Brenz, mais precisamente no estado de Baden-Württenberg. Lá é comum a adição do nome de um rio ao nome da cidade, o rio que passa por ela.
Nesta cidade existe um castelo, Hellenstein, nome que, traduzido para o português, significa "pedra clara".

O que importa não é necessariamente o nome do país, da cidade, do castelo... não importa quem morou nele, se morou, não importam as pedras claras nem se lá agora faz frio ou calor!

O que importa são os sons do alto da torre, das crianças girando em círculos, jogando folhas amarronzadas para o alto, se afundando na neve, correndo pelo gramado incrivelmente verde, lá em cima...

O tom monopolizante daquele branco gelo, branco neve, branco lembrança... ou o tom amarelo-vermelho-verde outonal, daquele espaço que parecia um jardim dos sonhos, medieval, fantasioso...

A brisa fresca, a sensação do sentar-sem-querer-mais-levantar, da paz!

Quanta paz... quantas sensações novíssimas, quantos poemas que nunca foram escritos e que se passavam pela minha mente em forma de cores, cheiros, texturas, luzes, sombras...

E hoje, a lembrança que tenho desse lugar, que não encontro mais, que não mais existe...
Esse lugar tão precioso que tenho em imagens, fotográficas e mentais... que já fazem parte de mim.

...um ano voa...

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

...quatro estações...

Segurava entre os dedos frios a flor vermelha já morta, que acabara de apanhar na moita do quintal. Quatro estações desde que plantara as sementes, presente do vizinho, amigo de infância. Trezentos e sessenta e cinco dias de espera e zelo, de cuidado, de regar, de cantar antes de dormir, de conversar sobre tudo o que deveria ser e nunca é...

Agora, ali parada, flor entre os dedos frios, observava, estagnada, o movimento das petalazinhas mortas com o soprar dos ventos que precediam a tempestade. Aninha percebia, entre as primeiras gotas, frias, da chuva, a fragilidade daquelas pétalas, que pareciam de camurça. Entendia a brevidade dos atos-sem-volta, a vulgaridade com que, às vezes, faz-se movimentos bruscos demais, antecipa-se aos pensamentos sãos, trai-se amargamente.

Sua angústia foi interrompida pelo badalar do relógio cuco da sala de estar. Meia noite. Já era tarde, muito tarde, tarde demais. Contornou a moita e voltou para o quarto, com sua mais querida flor entre os dedos molhados.

terça-feira, 30 de junho de 2009


uma aflição que parece não ter fim
uma vontade que nunca se esgota
uma falta que nunca é suprida

que rasga os nervos por dentro
que derrete o gelo dos picos mais altos
e inunda os vales mais profundos com lágrimas quentes

aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh

terça-feira, 2 de junho de 2009


aqueles olhos
olhinhos tristes
pequeninos
que não queriam parar de querer chorar

nunca mais vi
foram embora
voando
alto, alto
tão longe

ficou o rastro
a memória
a cicatriz
o eco