Toda essa calmaria que persegue os meus ligeiros passos
Do momento em que acordo os sonhos ao que os refaço
É como um último suspiro da infância que há em mim
Ainda tão viva e inquieta, mas já com hora marcada para o fim
Então fico eu assim, silente, nostálgica antecipada que sou
Como que a ansiar por todas as graças guardadas por quem me criou
Só esperando que essa longa e plácida monotonia me enfare
Debruçada sobre a janela de meus sonhos, longe da realidade
O horizonte se faz longínquo perante meus olhos úmidos
Apesar da ânsia que guardo, ainda me fogem gemidos súbitos
De medo do porvir que ainda não conheço, mas que desconfio
Toda essa amplitude que a liberdade traz me causa arrepio
Escolhas feitas, caminhos planejados, outros tantos, apagados
Meu futuro é um papel em branco que ainda mantenho guardado
Pra que não amareleça com tanto excesso da calma que me assola
Pra que o nanquim cotidiano não o estrague com as rasuras do agora
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