quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Língua Morta

O gato comeu minha língua

Levou embora minhas palavras

Meu paladar, minhas gírias

Minha personalidade, minhas manias


Procurei por todo canto

O gato com cara de santo

Encontrei minhas gotas de sangue caídas

Ouvi trechos das minhas canções favoritas


Mas o gato mal, eu não achei por nada

Tão leve, não deixou nenhuma pegada

Nem sobre a areia fofa da praia

Nem sobre a poeira espessa da calha


Desde então, exponho-me em versos tristes

Neste diário que criei pra contar minhas crises

Pra ver se é possível transmitir assim

O que minha língua contava de mim

4 comentários:

Agnolias disse...

não deu p/ encontrar o gato nem com o rastro de sangue que ele deixou pelo caminho??

tsc...tsc...é por isso q eu prefiro os cães....

Gustavo Clark disse...

mande notícias do front, Camila.

Se esses escritos refletem no teu estado de espírito, talvez você precise conversar um bocado.

Beijos

aline disse...

camila! a tempos não passo por aqui... está tudo muito lindo e muito sentido, como sempre...

meu antigo weblogger se desfez, mas continuo por aí...
abraços!

Vagon'alma disse...

...às vezes o discurso que nos molda abandona, eis a magia da crise.

Muito bom! =)