quinta-feira, 10 de julho de 2008

CERRADA

Tentava dormir naquele cômodo

Incomodada pelos tímidos raios do sol que insistiam em se mostrar lá fora

Radiantes, contentes, felizes com o amanhecer

Enquanto eu jazia em meu leito

Tentando ignorar o despertar do mundo

O cantar dos pássaros e o ninar das corujas, escondidas como eu


Tentava extrair de meu ser cansado ao menos uma gota de sono

Que me causasse qualquer mera sensação de sossego, descanso, despreocupação

Mas eu já estava seca de vida, de sono e de choro

Tudo o que já havia sido de bom se esgotara

O buraco produzido por tamanha falta já era profundo demais

Ninguém se arriscaria jamais a adentrá-lo


Estava fria, mas o dia era quente lá fora

Meu silêncio ensurdecia minha vontade de viver

Os raios que antes partiam tão naturalmente de meus olhos já não tinham força

Não cegavam mais ninguém, nem tampouco me aqueciam

Solitária permaneci em minha alcova

Cerrada pela trinca enferrujada da porta empenada

Um comentário:

Gustavo Clark disse...

Pode ser mera ilusão da minha parte, mas eu não consigo deixar de relacionar toda essa insatisfação desse e das postagens anteriores com a tua viagem, como se você estivesse tomando isso como uma saída para a salvação.

Se eu estiver certo, boa sorte: Cante pela absolvição!