Tentava dormir naquele cômodo
Incomodada pelos tímidos raios do sol que insistiam em se mostrar lá fora
Radiantes, contentes, felizes com o amanhecer
Enquanto eu jazia em meu leito
Tentando ignorar o despertar do mundo
O cantar dos pássaros e o ninar das corujas, escondidas como eu
Tentava extrair de meu ser cansado ao menos uma gota de sono
Que me causasse qualquer mera sensação de sossego, descanso, despreocupação
Mas eu já estava seca de vida, de sono e de choro
Tudo o que já havia sido de bom se esgotara
O buraco produzido por tamanha falta já era profundo demais
Ninguém se arriscaria jamais a adentrá-lo
Estava fria, mas o dia era quente lá fora
Meu silêncio ensurdecia minha vontade de viver
Os raios que antes partiam tão naturalmente de meus olhos já não tinham força
Não cegavam mais ninguém, nem tampouco me aqueciam
Solitária permaneci em minha alcova
Cerrada pela trinca enferrujada da porta empenada
Um comentário:
Pode ser mera ilusão da minha parte, mas eu não consigo deixar de relacionar toda essa insatisfação desse e das postagens anteriores com a tua viagem, como se você estivesse tomando isso como uma saída para a salvação.
Se eu estiver certo, boa sorte: Cante pela absolvição!
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